segunda-feira, 19 de agosto de 2013

ondas

eu sento à beira-mar,
apenas para ouvir as ondas a ecoar
e a meu ver,
prefiro ver você
e a sua voz a ressoar

e o rádio a chiar
sem conseguir pelo menos uma estação sintonizar,
ao entardecer,
prefiro ouvir você
e o lindo brilho do seu olhar

resolvo me espichar,
sentir as ondas do sol a me esquentar
mesmo sem merecer
prefiro sentir você
e a sua pele a me tocar

e volto a observar
as ondas a rolar
com o sol a se esconder,
sinto a falta de você
ao meu lado a me encantar.

xaxim

uma vida toda tentando. criando expectativas. esperando respostas. Thomas não aguentava mais aquela angústia da espera. ele mal dormira a noite passada, e com um esforço enorme, mantinha os olhos abertos aguardando algum sinal de contato dela. nunca se apaixonara por ninguém até então, e tudo era novo para ele, apesar de ter sofrido com a peripécias que a vida lhe pregou ao longo de sua existência. seu pai fora assassinado quando ainda tinha 2 anos de idade, e sua mãe perdera a memória após um acidente de carro. ele praticamente se criou sozinho (e com a atenta ajuda da simpática dona Vera, vizinha de longa data da casa onde Thomas mora desde sua tenra idade.
ao vê-lo pela janela da cozinha, com uma das expressões mais assustadoras que já vira em sua face (uma mistura de desespero com cansaço), e notou que algo não estava correndo bem. ela sempre soube que, de tempos em tempos, um sentimento de perda o tomava por completo, por se sentir incapaz de trazer sua mãe à realidade novamente, muito menos trazer seu pai de volta à vida. isso o deixava extremamente abalado, e era dona Vera quem se compadecia do garoto, que hoje em dia já era praticamente um homem, e vê-lo naquela expressão já conhecida a preocupou duplamente, pois por suas contas, o garoto já não tinha aqueles ataques há um bom tempo. cuidadosamente, entrou na casa, evitando movimentos bruscos, bateu na porta e aguardou Thomas atendê-la. ao abrir a porta, Thomas viu uma expressão amigável no rosto de Vera, e correu ao seu abraço, e despejou em seus braços o peso de seu corpo, como se estivesse procurando um porto seguro numa embarcação que veleja ao relento com seu casco quebrado, ameaçando naufragar. Vera notou que ele precisava de um ombro amigo, e foi o que fez: arrastou como pode o rapaz para o lado de dentro de casa, o deitou no sofá, foi até a cozinha, pegou um copo d'água e voltou para a sala, oferecendo o líquido diretamente em sua boca. mas seu corpo não respondia aos sinais básicos, e Vera concluiu que ele poderia estar até mesmo sem comer há alguns dias. a situação ficou um pouco mais tensa quando Vera checou seu pulso, e percebeu que ele estava fraco, com a pulsação quase nula. ela ficou mais assustada ainda. ela resolveu dar um banho frio no rapaz, pra ver se surtia algum efeito. fazia muito calor nesse dia, e ela concluiu que talvez o rapaz estivesse assim por não suportar bem dias muito quentes. após alguns minutos, o rapaz acordou novamente, e Vera sugeriu que o garoto fosse à um hospital, para tentar entender o que estava acontecendo, e Thomas compreendeu a preocupação e acenou positivamente com a cabeça.
vendo tudo da janela, Yasmin, que mora em frente as duas casas, espiava tudo do canto de uma das janelas da casa de Thomas. ela sempre fora apaixonada pelo rapaz, que não tinha tempo para a moça, por causa de suas dificuldades. mas ela não entendia isso dessa forma, e deixou sua paixonite se transformar em obsessão. e vendo a cena, se aliviou por Vera não ter descoberto o envenenamento que ela causou nele, suspeitando que ele estivesse de namorico com uma moça de outro estado.